Como todas as abordagens do Manifesto Ágil, o Product Discovery é um método de desenvolvimento de produto focado no usuário e oferece à empresa uma oportunidade de ouro para gerar valor.
Para isso, mais do que garantir uma cultura de trabalho ágil, é importante se assegurar de que o seu negócio está cumprindo cada uma das etapas de produção da maneira certa. Isso significa destrinchar estatísticas, reunir dados, identificar oportunidades e gerar hipóteses que possam se converter em valor e eficácia a partir da perspectiva do usuário.
Entre essas estratégias, inclui-se o desenvolvimento de soluções criativas, a seleção das ideias que merecem virar realidade e aquelas que ainda precisam passar por outras etapas de validação. E é justamente nesse ponto que podemos perceber a importância da etapa de descoberta do produto, uma empreitada constante em nome do aprendizado dos hábitos do usuário, capaz de orientar a equipe a desenvolver soluções ainda mais eficazes.
Fator essencial na criação de qualquer produto de sucesso, o Product Discovery é indispensável para oferecer ao cliente o que ele realmente quer, e neste artigo, vamos explorar mais detalhes sobre esse assunto.
Product Discovery**: como reduzir riscos de valor, usabilidade e negócio?** ↩
Por mais que os times de desenvolvimento invistam tempo e dinheiro na criação de novas aplicações, estima-se que cerca de 64% de todas as funcionalidades de um software são raramente utilizadas ou até mesmo completamente ignoradas pelos usuários.
Desse modo, compreender as expectativas e necessidades do cliente é um passo essencial para que a equipe trabalhe exclusivamente em funcionalidades que terão uso prático para os usuários, sem perder tempo com serviços que não agregam valor ao produto. Em conclusão, a empresa economiza recursos, além de criar produtos que serão plenamente aproveitados pelos clientes.
O que é Product Discovery**?** ↩
Imagine que você está precisando resolver um problema e, para isso, procura o serviço de um profissional especializado. Antes mesmo de analisar a situação, o profissional indica uma solução baseada na sua própria conclusão. Você provavelmente ficaria desconfiado, certo?
Extrapolando o exemplo corriqueiro, é exatamente isso que as técnicas de Product Discovery tentam evitar.
Antes de dar o “diagnóstico”, a equipe examina exaustivamente os casos para compreender a gravidade do problema e a origem das dores, deixando a definição da solução para depois. Dessa forma, o time de produto não vai desperdiçar recursos na criação de aplicações, funcionalidades e ferramentas que simplesmente não serão utilizadas.
Em outras palavras, o processo de descoberta de produto é uma abordagem que permite o desenvolvimento de um produto que seja útil e atenda a uma necessidade real. Para isso, recomenda-se uma equipe multidisciplinar, que seja formada por gerentes e designers de produto, profissionais das áreas de marketing e vendas, além do Product Owner, responsável direto pela gestão do projeto.
Com profissionais de diferentes áreas de expertise, o time de produto consegue, então, contemplar uma visão geral do que está sendo criado. Ou seja, trata-se de uma etapa essencial do processo de design de um produto, a partir de dados empíricos que apontam como o novo serviço se encaixa no mercado, como os clientes devem reagir e o que é necessário para transformar o projeto em realidade.
Quais são as metodologias e os entregáveis do Product Discovery**?** ↩
Existe um grande leque de métodos e entregáveis que podem orientar um processo de Product Discovery e tornar o desenvolvimento de um novo produto ainda mais eficaz. Pesquisas de mercado, desenvolvimento de personas, mapeamentos de interfaces de benchmark e estudos de UX ou da jornada do usuário são capazes de indicar o caminho a ser seguido pelo time de produto para chegar ao melhor resultado possível.
Confira!
Pesquisa de Mercado ↩
Uma pesquisa de mercado possibilita a coleta e análise de dados indispensáveis para o planejamento de um projeto de sucesso. A partir das informações adquiridas na pesquisa, a empresa pode reduzir riscos e falhas, bem como identificar eventuais oportunidades e necessidades que existam no mercado.
Entre os principais indicadores utilizados nesta metodologia, estão:
- potencial do público-alvo;
- dados sobre o mercado;
- como o usuário se relaciona com as ofertas disponíveis;
- posicionamento dos concorrentes.
Essas pesquisas vão orientar as próximas etapas de trabalho, possibilitando que o time de produto foque exclusivamente em funcionalidades-chave que possam apresentar diferenciais ao mercado.
Personas do Produto ↩
Uma vez que a pesquisa de mercado é realizada, o time de produto consegue desenvolver as personas, ou perfis-padrão de usuário que norteiam as tarefas a serem executadas pela equipe. Dessa forma, os desenvolvedores conseguirão projetar um produto mais assertivo, que atenda diretamente às expectativas daquele perfil de usuário.
É só a partir do desenvolvimento de personas que será possível compreender como aquele cliente em potencial enxerga o produto, qual o valor gerado para o cliente por aquela aplicação e como será a sua interação. Do mesmo modo, serão as personas que vão orientar o trabalho das equipes de vendas e marketing depois que o produto estiver pronto para chegar ao mercado.
Mapeamento de Interfaces de Benchmark ↩
A análise competitiva do mapeamento de interfaces de benchmark possibilita que o produto seja bem direcionado e ofereça diferenciais de peso ao mercado. O estudo permite apontar as principais funcionalidades utilizadas por cada benchmark e como se distinguem dos concorrentes, o que oferece à equipe a oportunidade de gerar insights valiosos para o produto em questão.
Estudo de UX ↩
Já o estudo de UX (User Experience), também conhecido como análise da experiência do usuário com o produto, é uma ferramenta poderosa na jornada de Product Discovery.
Este método se debruça sobre aspectos de marca, design do produto, usabilidade das ferramentas e até sua função para apontar como o consumidor se relaciona com aquele produto. São coletados dados do usuário final por meio de métodos de análise quantitativa e qualitativa para que a persona do produto fique bem definida e a equipe consiga antever as necessidades, as perspectivas e os hábitos do usuário.
Jornada do Usuário e Fluxo de Navegação ↩
No decorrer do estudo de UX, a equipe aponta os resultados esperados do sistema em desenvolvimento e como ocorrem a jornada do usuário e o fluxo de navegação. A jornada do usuário consiste em uma representação dos diferentes pontos de contato do usuário com o produto, seja antes, durante ou depois da compra.
O fluxo de navegação, por sua vez, representa graficamente as interações que o consumidor teve com o sistema, orientando ações que o usuário pode adotar na interface da aplicação.
Quando fazer Product Discovery**?** ↩
Por mais importante que seja o processo de Product Discovery, essa abordagem não precisa ser feita de forma contínua, sobretudo porque existem metodologias alternativas capazes de oferecer outras informações essenciais.
Estratégias de planejamento estratégico, Design Thinking, OKRs, análises de experiência do usuário, definição de roadmap e até mesmo mapeamentos operacionais podem ser alternativas complementares à descoberta de produto. Em comum, esses processos possibilitam o levantamento de hipóteses e o desenvolvimento de soluções que geram valor.
A descoberta de produto é recomendada especialmente em situações de baixo risco e retorno elevado, ainda mais quando a equipe dispõe de informações suficientes para tomar as decisões mais estratégicas para o projeto.
Para descobrir se vale a pena executar o Product Discovery, você pode se atentar ao fluxo de trabalho da equipe.
Antes de qualquer coisa, é feito um planejamento do projeto. Em seguida, haverá a geração de hipóteses e a criação de um roadmap que aponte as etapas que devem ser seguidas no presente, a médio e a longo prazo.
A partir desse roadmap, a equipe deverá apontar quais ações serão priorizadas ou descartadas para o prosseguimento do projeto, levando, enfim, às etapas de discovery e delivery. Isto é, o que será descartado e não vai entrar no projeto final ou o que será priorizado e lançado no mercado, respectivamente.
Como fazer Product Discovery**?** ↩
As diferentes etapas do Product Discovery são centradas na perspectiva do usuário, e alguns movimentos são indispensáveis para entregar o resultado almejado.
O primeiro passo é a fase de entendimento, durante a qual coleta-se os inputs das partes envolvidas, os outputs do produto, caso ele já esteja no mercado, e os resultados esperados pela equipe. Dessa forma, a empresa monta um mapa de oportunidades e pode tomar decisões estratégicas sobre quais apostas devem ser priorizadas.
Depois, ocorre a ideação, em que a equipe busca desenvolver soluções a partir do mercado e das hipóteses desenhadas — especialmente a partir de recursos metodológicos que orientem as decisões, como personas de produto e estudo de UX, entre outros. Quando as melhores ideias forem selecionadas, segue-se para a etapa de prototipação, ou testagem a partir de protótipos navegáveis, que consigam reproduzir fielmente a experiência do usuário na plataforma.
Só depois de todas essas etapas é possível chegar à validação, que consiste na análise das interações dos usuários-teste com a plataforma, para que se compreenda como o produto vai se comportar no mercado antes mesmo que seja criado de fato.
Confira como fazer o Product Discovery: passo a passo!
1. Comece com uma oportunidade ou problema ↩
“Pense pequeno” e vá desenvolvendo a oportunidade (ou uma solução para um problema) sem pular etapas. O pontapé inicial pode ser um problema que precisa ser solucionado e possa orientar as primeiras ações e descobertas. Nesse caso, vale uma ideia de um stakeholder, uma situação apresentada por um usuário ou até mesmo alguma sugestão que venha do time de desenvolvedores.
2. Priorize o valor ↩
É muito comum que as equipes deduzam que o valor de um produto é óbvio e inquestionável, mas não se esqueça que questionar o valor gerado por cada alteração no produto faz parte do processo de Product Discovery.
Avalie se as mudanças aplicadas no projeto interferem no valor do produto positiva ou negativamente em relação aos concorrentes, aos hábitos do usuário e ao mercado, em geral. Uma boa maneira de priorizar o valor no projeto é perguntando-se quais as implicações de entregar um produto ao usuário que não gere valor.
3. Mapeie as principais suposições ↩
Mantenha contato constante com as pessoas envolvidas no projeto para apontar as principais suposições acerca do produto e soluções que possam se aplicar a cada cenário. Vale a pena se esforçar para compreender como o usuário interpreta o que cada solução tem a oferecer. Assim, você poderá mapear as principais suposições que podem se tornar soluções para um problema apresentado.
Pergunte-se se o problema existe para o usuário, como a solução funciona atualmente e se essa solução ocorre de forma satisfatória, quão incômodo é o problema apontado e quem mais sofre com esse problema para orientar seus próximos passos.
4. Teste as suposições ↩
Mapear as suposições é apenas uma parte do trabalho: também é indispensável testá-las. A boa notícia é que existem vários recursos e ferramentas que podem ser úteis nessa etapa, como ferramentas de pesquisa e a estruturação de métricas de produto viável mínimo.
A intenção é gerar sinais e contextos que possam orientar as próximas etapas com o menor risco possível. Para isso, comece pelas suposições mais urgentes, com potencial para tornar as demais suposições irrelevantes, e não hesite em contar com a expertise de profissionais de áreas distintas durante as experimentações.
5. Valide com os usuários ↩
Para seguir com o processo de Product Discovery, você deverá validar suas suposições com os usuários: esta etapa é fundamental para confrontar as suas suposições com quem realmente vai utilizar aquele produto ou serviço.
Caso você não saiba como contactar os usuários, solicite apoio aos setores de atendimento ao cliente e suporte para receber indicações de clientes com os quais você poderá conversar. Também pode ser útil solicitar à equipe de vendas, leads que possam ter sido detectados no fluxo do setor com as mesmas situações que você esteja analisando.
6. Compile os resultados e traga-os para discussão ↩
Depois de coletar e compilar os dados mais relevantes para o seu experimento, chegou a hora de levantar o que foi aprendido e apresentar essas descobertas para discussões com o restante da equipe.
Explique o que foi feito e quais são as conclusões às quais foi possível chegar. Mantenha-se atento a novos questionamentos e problemas que possam ser levantados, bem como a sugestões do time para o projeto.
7. Defina os próximos passos ↩
A última fase do processo de Product Discovery não é exatamente a última, pois o projeto não acaba aqui: você precisa definir quais serão os próximos passos da sua equipe!
Todos os riscos foram mapeados e solucionados? É possível seguir em frente com os dados atuais? O produto foi modificado de maneira satisfatória, sem comprometer o seu valor? Já é possível comunicar os stakeholders sobre os desdobramentos do projeto?
Mesmo que você não chegue a respostas claras e efetivas a partir da descoberta do produto, esses dados vão orientar a equipe a encontrar soluções de maneira ativa, sistemática e contínua.
Como o Product Discovery gera valor para o negócio? ↩
O processo de Product Discovery permite que uma solução vá muito além das paredes do escritório, sobretudo porque para fazer a descoberta de um produto é necessário conhecer seu usuário e o mercado.
Confira como essa abordagem pode gerar valor para o seu negócio!
Compreensão dos problemas dos clientes ↩
Não importa qual produto ou serviço seja ofertado, existe sempre uma necessidade intrínseca de se justificar quais as oportunidades daquele produto ou serviço no mercado. Afinal, o sucesso de um projeto está ligado diretamente à sua capacidade de resolver problemas reais.
Em outras palavras, esse é exatamente o principal ponto de partida para a descoberta de um produto: compreender os problemas dos clientes a fim de oferecer a melhor solução possível para essas questões.
Inovação para a proposição de soluções ↩
À medida que o time de produto conhece os problemas do usuário, poderá desenvolver soluções personalizadas e completamente adequadas aos problemas apresentados. Sua equipe vai exercitar sua capacidade de inovação para encontrar soluções extraordinárias, “fora da caixa”, para resolver uma situação enquanto gera ainda mais valor ao usuário. Isso só será alcançado a partir da análise de concorrentes diretos e da relação do público em relação às soluções já existentes.
Maior previsibilidade para o retorno do capital investido ↩
O maior motivo para executar um processo de Product Discovery é a possibilidade de previsão de alocação dos recursos que precisarão ser empregados para solucionar o problema detectado. Ou seja, a partir do diagnóstico do problema e do levantamento de soluções, será possível prever quanto dinheiro, tempo e a equipe que precisará ser envolvida naquele projeto para chegar ao resultado esperado.
Da mesma forma, isso significa que será possível prever qual será o retorno daquele investimento: todas as necessidades estarão bem mapeadas, evitando a perda de tempo ou dinheiro em retrabalhos. Como o método de descoberta de produto utiliza estratégias de validação e planejamento estratégico, aumentam-se as chances de desenvolvimento de uma solução com probabilidades de sucesso no mercado.
Na prática, isso permite que se tenha maior previsibilidade para o retorno do capital investido no projeto.