O Open Banking abriu as portas no Brasil no início de fevereiro de 2021 com a Fase 1 e agora se prepara para a Fase 2. De acordo com o Banco Central (BC), a próxima etapa começa a valer a partir de 15 de julho de 2021 e trará grandes impactos no sistema financeiro e comportamento de consumo.
A cada novo avanço do Open Banking, novos desafios surgem. Nessa evolução em curso, o consumidor terá mais controle sobre seus dados pessoais, podendo autorizar ou negar o compartilhamento com outras instituições financeiras.
Para ajudar você a entender sobre esse assunto tão novo e complexo, escrevemos este artigo com os principais tópicos e mudanças provenientes da Fase 2 do Open Banking, tanto para o mercado financeiro quanto para sua vida pessoal.
Continue a leitura e vamos entender melhor sobre essas questões juntos!
Neste artigo, você vai conferir:
- O que é Open Banking e quais são as fases?
- Como vai funcionar a Fase 2 do Open Banking?
- Quais os principais impactos e desafios da Fase 2?
- Afinal, a Fase 2 vai impactar os investimentos?
- LGPD e os desafios da proteção de dados
- Bônus – E-book sobre maturidade de APIs
O que é Open Banking e quais são as fases? ↩
O Open Banking, ou sistema financeiro aberto, é uma forma automatizada, padronizada e segura de compartilhamento de dados e informações bancárias.
Para dar um exemplo, pense na seguinte situação: quando você precisa abrir um relacionamento em qualquer instituição, é necessário ter em mãos seus documentos, comprovantes e cópias em papel. Esse processo precisa ser repetido em qualquer novo relacionamento.
O Open Banking surge para viabilizar, facilitar e compartilhar dados cadastrais via consentimento do consumidor.
Assim, podemos dizer que o Open Banking é um potencial de revolução enorme no mercado financeiro e um grande viabilizador da transformação digital.
Os pilares do Open Banking ↩
Existem três pilares básicos quando falamos sobre Open Banking que o próprio Banco Central (BC) reforça:
- Democratização do acesso financeiro
- Democratização do crédito
- Experiência do usuário
Baseado nesses pilares, o Open Banking surge para facilitar o compartilhamento de dados, gerando oportunidades positivas tanto em relação ao crédito quanto a outros produtos financeiros.
Além desses pilares, temos quatro benefícios diretos para o mercado financeiro dentro do Open Banking: incentivar a inovação, promover a concorrência, aumentar a eficiência do sistema financeiro e promover a cidadania financeira.
As 4 fases do Open Banking ↩
O trabalho de dividir o Open Banking em 4 fases é inteligente e estratégico, pois apresenta os desafios e expectativas de cada processo no futuro.
Na Fase 1 já havia uma preparação tecnológica das instituições, com conhecimento de padrões e APIs abertas no qual o consentimento do cliente final não acontecia.
Já na Fase 2, o consentimento do cliente e as operações de crédito são os principais destaques. Os consumidores terão o controle para compartilhar os dados pessoais e compartilhá-los com as instituições de sua preferência.
O compartilhamento de serviços, propostas de operação de crédito e da iniciação de pagamentos acontece na Fase 3, prevista para o final de agosto.
Pensando na Fase 4, temos a inserção de outros produtos financeiros, como pagamentos e propostas de crédito. É nessa etapa onde a ampliação do conceito de Open Banking resultará na criação de serviços e produtos ainda mais alinhados às necessidades do cliente final.
Se você quer entender mais sobre Open Banking, seus benefícios e oportunidades, escrevemos um artigo individual sobre o tema. Não deixe de ler se quiser se aprofundar!
Como vai funcionar a Fase 2 do Open Banking? ↩
A Fase 2 do Open Banking é um marco importante, pois ela se posiciona como uma porta de entrada do consumidor no ecossistema do banco aberto.
Nessa etapa, a jornada de consentimento ganha protagonismo. O cliente (pessoa física ou jurídica) é o titular dos seus dados e decidirá quando e com quem ele deseja compartilhá-los, desde que seja com finalidade específicas e prazos determinados.
Sendo assim, o consumidor é visto como o detentor dos dados e poderá autorizar o compartilhamento entre diversas instituições financeiras. Essa ação é feita pelo cliente, mediante seu consentimento, e viabilizada através de APIs que permitem uma integração padronizada dos sistemas.
A partir da Fase 2, as instituições financeiras que tenham interesse em oferecer uma proposta podem, com o seu consentimento, acessar o seu histórico financeiro em instituições onde você já possui relacionamento.
Conhecendo em detalhes o seu perfil, elas podem trabalhar propostas personalizadas que vão de acordo com suas necessidades.
É necessário frisar que o compartilhamento de dados ocorre apenas quando você entende os ganhos e benefícios disso. Ou seja, quem são os detentores das suas informações, qual será o propósito e quanto tempo a instituição financeira pode portá-los.
Essa possibilidade pode oferecer uma série de benefícios bancários para o usuário, como melhores taxas de juros, linhas de créditos e aberturas bancárias.
Além disso, a Fase 2 do Open Banking deve aumentar a competitividade dos bancos no mercado financeiro num pé de igualdade. Isso vai gerar grandes impactos e desafios que a partir de agora vamos conhecê-los melhor.
Quais os principais impactos e desafios da Fase 2? ↩
Já falamos que o Open Banking constitui uma agenda de inovação e fomenta a concorrência financeira.
Nessa conjuntura, um movimento gradual que está ocorrendo é a desconcentração das operações de crédito. Isso está relacionado aos novos players digitais do mercado e deve acentuar ainda mais com a chegada da Fase 2. Assim, o cliente terá mais liberdade para escolher os melhores produtos e serviços ofertados (e com taxas menores).
O mercado, por sua vez, precisa gerenciar os dados dos consumidores visando uma finalidade específica, armazenando-os de uma forma segura para que não ocorra vazamento e garantir um fluxo de autorização padronizado.
O principal desafio da Fase 2 é o consentimento e a experiência. Dessa forma, a comunicação com os clientes precisa ser clara e específica para atingir o objetivo final e não gerar constrangimentos.
O Open Banking é uma transformação constante no sistema financeiro e veremos os maiores impactos a longo prazo. De imediato, podemos observar que a alta adesão do PIX no Brasil é uma prova que o ecossistema de banco aberto no país tem potencial para se tornar um dos maiores e melhores do mundo.
Afinal, a Fase 2 vai impactar os investimentos? ↩
A revolução do Open Banking vai impactar todo o sistema financeiro, e ações de investimentos não ficarão de fora.
Quem está na bolsa de valores vai conseguir compartilhar os próprios dados com outras instituições financeiras, permitindo uma visão mais ampla das próprias aplicações.
Quando o investidor faz isso, ele começa a ter um leque de opções para enxergar o consolidado dos seus ganhos. Dessa forma, o investidor começa a comparar mais produtos.
A possibilidade do investidor enxergar as suas aplicações de uma forma mais transparente resulta na competitividade do mercado que deve oferecer soluções melhores e mais customizadas para cada um.
LGPD e os desafios da proteção de dados ↩
Todas as questões que apontamos até agora estão muito vinculadas à Lei Geral de Proteção de Dados. Sancionada em 2018 e vigente desde 2020, a LGPD trouxe desafios e questões relacionadas à segurança de dados, principalmente no âmbito do consentimento do titular.
Na Fase 2, quando temos o compartilhamento de dados cadastrais e transações de clientes que envolvem pessoas físicas, o Open Banking deve obedecer fielmente a LGPD para proteger o cidadão e dar visibilidade sobre como os seus dados estão sendo gerenciados.
Contudo, há uma diferenciação. O conceito de consentimento dentro da LGPD é sobre o tratamento dos dados, enquanto o Open Banking traz a definição de consentimento para o compartilhamento de dados especificamente, ou seja, uma das possibilidades de tratamento que a LGPD permite.
Assim, no contexto de Open Banking, o consentimento é a única base legal para legitimar o compartilhamento dos dados bancários. Dentro da gestão de consentimento, o usuário deve ter seu empoderamento para autorizar o compartilhamento e autodeterminação informativa.
É importante ressaltar que no Open Banking o consentimento poderá ser revogado a qualquer momento pelo cliente, por meio de um processo ágil e simples, no mesmo canal de atendimento no qual foi concedido o consentimento.
Bônus – E-book sobre maturidade de APIs ↩
Apresentamos neste artigo os principais tópicos sobre os impactos e desafios da Fase 2 do Open Banking. As próximas etapas serão essenciais para a transformação digital do sistema financeiro e criam um espaço para soluções competitivas e plugáveis que dependem muito das APIs.
Se quiser entender melhor sobre APIs, tecnologias de integração e níveis de maturidade organizacional, baixe nosso E-book: Como aumentar a maturidade de API da sua empresa?
Leia também:
- Open Banking: segurança, benefícios e novas oportunidades
- Open Banking no Brasil: Como estar preparado?
- Notas de um implementador sobre Open Banking Brasil no blog da Skalena