Investir em um produto digital em uma era como a nossa, onde a tecnologia não simplesmente anda rumo ao futuro, e sim voa em direção a ele, deixou de ser um luxo ou um diferencial, e se tornou mandatório para quase qualquer empresa que procure seu lugar ao sol.
Por conta disso, cada vez mais a área de produtos tem crescido. Se sua empresa está presente na internet, seja através de um website, aplicativo, software, entre outros, então é obrigatório que seu ambiente digital ofereça uma experiência marcante aos seus clientes factíveis e em potencial. E, assim, as metodologias e abordagens para criar produtos digitais se expanda e se especialize, sem parar.
Entre tantas abordagens, metodologias e sistemas de criação e desenvolvimento de produtos digitais que existam e vêm surgindo, há uma faceta que, por sua vez, nunca perde a importância em se tratando de produtos digitais: a estética.
Não se engane, o que parece ser apenas a fachada ou uma camada superficial do seu produto, é na verdade uma dimensão crucial não apenas para que você cative novos clientes, mas também para que você os retenha. Algumas questões apontam para isso claramente.
Para um produto digital, um olhar vale mais que mil palavras ↩
Para começar, não crie expectativas de que seu cliente potencial levará seu negócio a sério se seu website apresentar um visual datado ou desleixado: como qualquer ser humano, ele leva a aparência em consideração ao formar seu julgamento.
Portanto, se o visual de seu produto não for bem feito, é muito provável que seu potencial cliente sequer pense em dar uma chance ao seu negócio, mesmo que, em última análise, ele seja essencialmente de boa qualidade. E um detalhe: um usuário de produtos digitais costuma levar pouquíssimos segundos para formar uma primeira impressão. E por vezes, essa é a mais importante.
De fato, a estética do seu produto digital é tão importante na formação de julgamento do seu usuário, que é comprovada a existência de um viés psicológico comum às pessoas chamado efeito usabilidade-estética (aesthetic-usability effect).
Esse efeito basicamente faz com que, em resumo, as pessoas tendam a se engajar mais no uso de produtos digitais cuja estética é agradável, e inclusive relevem e desconsiderem eventuais problemas de usabilidade e experiência com o produto por conta disso.
Um estudo realizado em 2010, a respeito deste efeito, propôs basicamente que os usuários utilizassem um produto original, mas também dois protótipos similares a ele: um com a estética melhorada, outro com a estética piorada, e o que se concluiu foi que a experiência de uso tendia a piorar com o protótipo de estética de baixa qualidade, e melhorar com o protótipo de estética de alta qualidade, em comparação com o produto original. Isso só reforça a necessidade de se investir em uma interface esteticamente bem resolvida, o que traz peso à recepção que seu produto terá frente ao seu público.
Você sabe o que sua marca quer comunicar, mas e o seu público, sabe? ↩
Outro ponto fundamental contemplado pela estética diz respeito à identidade da sua marca. É importantíssimo investir no visual de seu produto digital para gerar uma boa impressão e uma boa experiência, por outro lado isso perde impacto se este mesmo visual não comunicar a personalidade, a voz e a identidade da sua marca.
E para cumprir este objetivo, designers dessa área se valem de recursos como cores, tipografia, formas, ilustrações, fotos, símbolos etc. Esses elementos geram emoções e efeitos diferentes na percepção que as pessoas têm de seu produto digital, a depender inclusive do perfil dela, incluindo sua cultura, sua faixa-etária, classe social, gênero, entre outras coisas.
Se a cor branca no ocidente costuma remeter à paz, por exemplo, na China ela aponta para o luto. E conhecer nuances como essa é importante para se projetar uma interface que dialogue e transmita a essência da sua empresa ao seu público.
Se sua empresa é especializada em serviços financeiros para investidores iniciados no assunto, provavelmente será um pouco arriscado construir sua interface em torno de desenhos cartunescos com cores pastéis. Se por outro lado seu negócio diz respeito à produção de brinquedos e artigos infantis, essa abordagem certamente encontraria lugar. E embora esse exemplo seja talvez um pouco radical, a verdade é que a web está abarrotada de produtos igualmente mal calibrados em sua abordagem, e isso pode prejudicar grandemente um negócio.
Consistência é a chave para um bom produto digital ↩
A estética de um produto digital também influencia grande e diretamente na consistência da usabilidade dele. Como assim? O que quero dizer é que se a abordagem e aplicação visual de seu produto digital varia muito e não se apoia em padrões que seu usuário possa aprender a identificar sem esforço, é muito provável que ele se confunda e se irrite em algum momento. E em um cenário altamente competitivo como o de hoje, qualquer pequena frustração basta para levar seu potencial cliente para a porta ao lado.
Se o design dos menus do seu website muda a cada página, por exemplo, cada vez que o usuário navegar para uma página diferente, ele terá que aprender a interpretar um menu novo, e isso eventualmente se torna cansativo para ele. Esse mesmo raciocínio se aplica em maior ou menor grau à maioria dos outros elementos presentes na interface, como botões, banners, cards, formulários, entre outros. O segredo está em saber equilibrar o novo com o conhecido, e gerar uma experiência ao usuário que mescle novidade e conforto. Tal equilíbrio demanda muita análise, conhecimento sobre a área, e também testes com usuários.
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Para promover essa consistência, designers e outros profissionais da área se utilizam de ferramentas e recursos sofisticados e inteligentes, que oferecem um poder de gestão maior sobre essa faceta do produto, como guias de estilo, que reúnem principais diretrizes artísticas adotadas em um produto digital, ou até design systems, que são repositórios complexos de componentes, diretrizes artísticas, regras e abordagens de design, entre outras coisas, para ecossistemas digitais mais robustos – como quando seu website é grande demais, ou sua marca está presente em diferentes canais digitais.
A ponta do iceberg ↩
É claro que, apesar de tudo, de nada adianta ter um produto digital esteticamente agradável, se sua base é mal fundamentada. Segundo Asrron Walter, a hierarquia de necessidades do usuário pode se constituir numa espécie de pirâmide composta por quatro níveis. Começando pela base até o topo, o design precisa ser: 1 – Funcional; 2 – Confiável; 3 – Usável; e 4 – Agradável.
Aarron Walter’s Hierarchy of User Needs
Fonte: Nielsen Norman Group
Portanto, para o design ser realmente bom, ele precisa passar por etapas de estudo, pesquisa, testes, análise estratégica, deliberação criativa e outras diversas mais, até que haja um racional claro sobre como o produto deve funcionar, o que deve fazer, como deve ser utilizado, o que deve transmitir etc. E o design visual, responsável entre outros pontos pela estética, dará vida a isso e se encarregará de passar aos usuários a credibilidade e bem-estar que tanto dissecamos neste texto. Por isso, não se esqueça também de providenciar uma boa fundamentação ao seu produto.
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Criar um produto digital, seja um website, aplicativo ou de qualquer outro tipo, envolve um esforço estratégico e criativo muito significativos. Às vezes a fronte visual de um ambiente digital acaba sendo negligenciada. Mas não se esqueça, jamais, que ela pode ser o chamariz e a porta de entrada que seus usuários precisam para confiar e se afeiçoar ao seu negócio. A estética também merece nosso capricho!
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